A liberdade religiosa indevidamente utilizada como escudo para a prática da homotransfobia

Autores

  • Saulo Góes Pinto Universidade do Estado do Amazonas
  • Eline Paixão e Silva Gurgel do Amaral Pinto Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas

Palavras-chave:

Religião, Homofobia, Transfobia, Discurso de ódio, Excludente de Ilicitude, Brasil

Resumo

O presente estudo trata do histórico e evolução da relação entre religião e a homofobia, com especial destaque para a seletividade de passagens bíblicas específicas em detrimento da visão geral. Desta forma, a correlação entre a evolução do Estado em parceria com a religião e sua posterior superação são confrontadas com a evolução do pensamento homotransfóbico, até a posterior utilização da blindagem religiosa para o cometimento do crime de homotransfobia, com especial atenção ao Brasil. O desenvolvimento do trabalho é composto pelo registro do comportamento homoafetivo na humanidade até os primeiros registros contrários. Ademais, após o registro da aproximação do Estado com a religião, as consequências na esfera social e jurídica são apontadas, com a efetiva punição legal de membros da população LGBTQIA+ pela sua simples existência. Entre os documentos estudados, é dado especial destaque a sentenças proferidas na época do Brasil Colônia, em um paralelo evolutivo com a conquista de direitos e o reconhecimento da homotransfobia como crime de racismo, com o julgamento do ADO 26 e MI 4733, pelo Supremo Tribunal Federal. Por fim, a ausência de dados objetivos acerca de crimes contra a população LGBTQIA+ no Brasil é exposta, assim como são apresentados os conceitos de exercício do direito de criança e discurso de ódio, com apresentação das principais diferenças e a ilegal utilização da religião como escudo para a prática da homotransfobia.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Saulo Góes Pinto, Universidade do Estado do Amazonas

Juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas (TJ/AM). Juiz Eleitoral (TRE/AM). Professor voluntário da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Especialista em Direito Público. Mestrando pelo Programa de Pós-Graduação da Faculdade Autônoma de Direito (FADISP).

Eline Paixão e Silva Gurgel do Amaral Pinto, Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas

Juíza de Direito do Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas (TJ/AM). Juíza Eleitoral (TRE/AM) Especialista em Direito Processual Civil.

Referências

ABBOUD, Georges. Jurisdição Constitucional e Direitos Fundamentais. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011, p. 101.

BORRILLO, Daniel. Homofobia – História e crítica de um preconceito. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2010, p. 2

CLÈVE, Clèmerson. 55. Laicidade e Discurso Religioso na Democracia Brasileira In: CLÈVE, Clèmerson. Direito Constitucional Brasileiro - Vol. 1 - Ed. 2022. São Paulo (SP):Editora Revista dos Tribunais. 2022.

GUIMARÃES, Luís Gustavo Faria. O presidencialismo de coalizão no Brasil. -1. Ed. São Paulo: Blucher Open Access, 2020

HELMINIAK. Daniel O que a Bíblia realmente diz sobre a homossexualidade, 16.

MEIDA, S. L. Racismo Estrutural. São Paulo: Polén livros, 2019.

PINTO, S. G.; NOURA, C. As barreiras enfrentadas pela população LGBTQIA+ e o reconhecimento da homotransfobia como racismo. Revista Eletrônica Direito e Política, v. 16, 2021.

RAMOS, André de Carvalho. Curso de direitos humanos/ André de Carvalho Ramos- 8. Ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2021. P. 744.

RAMOS, André de Carvalho. Curso de direitos humanos/ André de Carvalho Ramos- 8. Ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2021. p. 107.

SPENCER, Colin. Homossexualidade: uma história. 2. Ed. Rio de Janeiro: Editora Record, 1999, p. 20.

STF - ADO: 26 DF 9996923-64.2013.1.00.0000, Relator: CELSO DE MELLO, Data de Julgamento: 13/06/2019, Tribunal Pleno, Data de Publicação: 06/10/2020.

VECCHIATTI, Paulo Roberto Iotti. O Supremo Tribunal Federal, a homotransfobia e seu reconhecimento como crime de racismo. Bauru, SP: Spessotto, 2020.

VECCHIATTI, Paulo Roberto Iotti. Manual da homoafetividade: da possibilidade jurídica do casamento civil, da união estável e da adoção por casais homoafetivos/ Paulo Roberto Iotti Vecchiatti, prefácio de Maria Berenice Dias [et al.] – 3. ed. – Bauru, SP: Spessotto, 2019. p. 140.

ENDEREÇOS ELETRÔNICOS:

ANDES. AGU questiona decisão do STF sobre criminalização de LGBTTIfobia no país. Disponível em: https://www.andes.org.br/conteudos/noticia/aGU-questiona-decisao-de-sTF-sobre-criminalizacao-de-lGBTTIfobia-no-pais1. Acesso em 02 jun.2022

BBC. Suprema corte do EUA revoga direito de aborto: como decisão repercutiu entre políticos e celebridades. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-61931286. Acesso em 02 jun.2022

BARROSO. Luiz Roberto. Judicialização, ativismo judicial e legitimidade democratica. Disponivel em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/synthesis/article/view/7433/5388. Acesso em 02 jun.2022

MEDINA, José. Capítulo I. Da Organização Político-Administrativa In: MEDINA, José. Constituição Federal Comentada - Ed. 2022. São Paulo (SP):Editora Revista dos Tribunais. 2022. Disponível em: https://thomsonreuters.jusbrasil.com.br/doutrina/1540359570/constituicao-federal-comentada-ed-2022. Acesso em: 30 de Junho de 2022.

MOURA. Rafael Mendes. O novo round no Supremo sobre a criminalização da homofobia. Disponível em https://veja.abril.com.br/politica/o-novo-round-no-supremo-sobre-a-criminalizacao-da-homofobia/. Acesso em 02 jun.2022

Downloads

Publicado

2025-12-08

Como Citar

PINTO, Saulo Góes; PINTO, Eline Paixão e Silva Gurgel do Amaral. A liberdade religiosa indevidamente utilizada como escudo para a prática da homotransfobia. Revista de Direito Constitucional & Econômico, São Paulo, Brasil, v. 2, n. 2, 2025. Disponível em: https://ojs.unialfa.com.br/index.php/redec/article/view/1192. Acesso em: 16 dez. 2025.

Edição

Seção

Artigos