AS FAKE NEWS E OS LIMITES ÉTICO-POLÍTICOS DA COMUNICAÇÃO DEMOCRÁTICA
Abstract
O objetivo da presente pesquisa consiste em investigar os atributos ético-políticos e jurídico-constitucionais da comunicação social. A metodologia de pesquisa parte da revisão da documentação indireta, em especial bibliográfica, mediante a aplicação da abordagem jurídico-sociológica, mas também do método dedutivo. O problema de pesquisa reside em questionar se as fake news, pós-verdades e demais induções ou inferências falseadoras respeitam os limites ético-políticos e, mesmo, jurídico-constitucionais da comunicação social? A hipótese investigada considera as fake news, pós-verdades e demais induções falseadoras como formas anômalas de comunicação social. Os resultados obtidos segundo a metodologia manejada permitem perceber que as fake news, pós-verdades e demais inferências falseadoras prejudicam a ampla ou plena liberdade de informação. Conclui-se, enfim, que a comunicação social democrática e republicana é aquela que efetivamente possibilita a alternância entre às posições majoritárias e minoritárias, o que confere domínio legítimo ao exercício transitório do poder, segundo a concepção weberiana, razão pela qual a liberdade de informação, embora ampla ou plena, não se afigura absoluta, pois encontra limites na realidade objetiva, elemento estruturante da Sociedade da Informação, o que, portanto, importa no repúdio à veiculação de fake news, pós-verdades e demais formas de veiculação de inferências falseadoras.
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