TRAVESSIAS DAS MIGRAÇÕES DE CRISE: DOS SERTÕES DE GUIMARÃES ROSA ÀS POLÍTICAS PÚBLICAS DE INTEGRAÇÃO E ACOLHIMENTO
Resumo
No romance Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, o personagem principal, Riobaldo, narra em primeira pessoa seus medos, angústias e vitórias: suas travessias pelos seus sertões. A partir desta narrativa começamos a tecer a trama de duas "veredas" das travessias que percorrem os refugiados no Estado de Minas Gerais.Ao deixar seus próprios sertões para transpor uma fronteira por refúgio, o indivíduo se torna submisso à comunidade estatal e internacional, neste ponto, a presente pesquisa aponta a bilateralidade do processo migratório, no que tange a falta de políticas para o efetivo acolhimento. A primeira "veredas" está relacionada a Língua ⎼ importante no processo de comunicação e, por conseguinte, de territorialização. Impõe-se a necessidade de aprender a língua para o processo de documentação, por ausência de política linguística; isto implica em uma violação aos direitos humanos – a língua passa a ser um meio de subsistência.A segunda "veredas" tem origem na internalização, com auxílio do terceiro setor e a participação das empresas e da sociedade civil. Em síntese, o presente trabalho se volta a analisar a relação das "veredas" apresentadas a partir dos direitos humanos e da política de migração, observando quaisquer violações ou traços de intolerância que acentue distinções. Para tanto, faz-se uma pesquisa em textos especializados, leis e convenções, bem como, de dados em sites oficiais do Governo brasileiro e de entidades referência no eixo temático. Conclui-se que os mecanismos jurídicos e políticos de acolhimento necessitam estar ao alcance de cada um, bem como, uma sociedade, cujo referencial ético seja o paradigma libertador dos direitos humanos.Referências
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