SEGURANÇA ALIMENTAR E MULHERES: UMA ABORDAGEM SOBRE A RELAÇÃO ENTRE POLÍTICAS PÚBLICAS DE IGUALDADE DE GÊNERO NO CAMPO E OS OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Autores

  • FRANCIELI IUNG IZOLANI
  • ROSÂNGELA ANGELIN
  • JACSON ROBERTO CERVI

Resumo

As mulheres, guardiãs de saberes milenares sobre alimentação, além de cumprirem um importante papel na preservação da biodiversidade, são responsáveis por mais da metade da produção de alimentos saudáveis, contribuindo para o desenvolvimento econômico e agrí­cola sustentáveis, em especial, no que diz respeito à promoção da segurança alimentar. Entretanto, embora sejam a peça-chave para o alcance deste direito fundamental, as mulheres representam a parte mais afetada pela fome e pela desnutrição. Nesse contexto, o objetivo central desta pesquisa é compreender os limites e as possibilidades de promoção do direito à segurança alimentar a partir da implementação de polí­ticas públicas voltadas à igualdade de gênero no campo. Para tanto, adota-se a abordagem sistêmico-complexa, o procedimento de pesquisa bibliográfica e as técnicas de resumos e fichamentos. O estudo demonstra que o direito à igualdade de gênero possui papel primordial à garantia da segurança alimentar, entrelaçando-se e estando espraiadas na realização dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. É dever do Estado, portanto, a implementação de polí­ticas públicas voltadas à segurança alimentar e, especialmente, à promoção da igualdade de gênero no campo, caracterizando-se como possibilidade e limitação, devido à vontade de governantes e da sociedade civil em geral de produzir um câmbio desse paradigma. Conclui-se que a desigualdade de gênero no campo também está presente nas questões atinentes à segurança alimentar, a medida em que as mulheres desempenham um papel fundamental neste sentido, contudo, sem o mesmo poder dos homens

Biografia do Autor

FRANCIELI IUNG IZOLANI

  Doutoranda em Direito pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões - Campus Santo Ângelo (URISAN). Mestre em Direito pela Universidade Federal de Santa Maria (2021) - Linha de Pesquisa Direitos da Sociobiobiversidade e Sustentabilidade. Pós-Graduada em Direito Constitucional pela Universidade Anhanguera-Uniderp (2016) e Pós-Graduada em Direito Civil pela Universidade Anhanguera-Uniderp (2016). Pós-Graduada em Direito Previdenciário com ênfase ao Magistério Superior pela Universidade Anhanguera-Uniderp (2011). Graduada em Direito pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (2008). Aprovada Exame da Ordem dos Advogados do Brasil (2008). Membro do Grupo de Pesquisa em Direito da Sociobiodiversidade (GPDS/UFSM) e do Grupo de Pesquisa em Direito dos Animais (GPDA/UFSM). Membro da equipe técnica da Revista Direitos Emergentes na Sociedade Global da Universidade Federal de Santa Maria (REDESG/UFSM). Membro do Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Direito (Conpedi). Coordenadora da Coleção Latinoamérica y Derecho en Exposición. Coordenadora da Coleção Derecho Civil en Foco. Organizadora da Coleção Mulheres e Meio Ambiente: Nosso Papel Fundamental. Membro da Equipe do Metabolic Rift 

ROSÂNGELA ANGELIN

 Pós-Doutora nas Faculdades EST (São Leopoldo). Doutora em Direito pela Universidade de Osnabrueck (Alemanha). Docente do Programa de Pós-Graduação stricto sensu ? Doutorado e Mestrado em Direito e da Graduação em Direito da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), Campus Santo Ângelo-RS. Coordenadora dos Projetos de Pesquisa ?Direitos Humanos e Movimentos Sociais na Sociedade Multicultural?, vinculado ao PPGDireito, acima mencionado. Coordena o Projeto de Extensão "O lugar dos corpos das Mulheres na Sociedade: uma abordagem do corpo e da defesa pessoal", o Projeto de Extensão "Fridas Missioneiras" e o Projeto de Extensão "Direitos Humanos, Cultura de Paz e Cooperação nas Escolas". Lí­der do Grupo de Pesquisa registrado no CNPQ "Direitos de Minorias, Movimentos Sociais e Polí­ticas Púbicas". Integrante do Núcleo de Pesquisa de Gênero da Faculdades EST. Integra a Marcha Mundial de Mulheres. Colaboradora em Projetos Sociais junto a Associação Regional de Desenvolvimento, Educação e Pesquisa (AREDE).  

JACSON ROBERTO CERVI

Pós-doutorado pela Universidade de Passo Fundo com bolsa CAPES. Doutor em Direito pela Universidade de Santa Cruz do Sul, com estágio doutoral na Universidade de Sevilha-ES. Mestre em Direito pela Universidade de Caxias do Sul. Possui Graduação em Direito pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul e especialização em Direito Público pela mesma Instituição. Professor titular da graduação e pós-graduação (Mestrado e Doutorado) em Direito da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Campus de Santo Ângelo. Advogado. Membro do grupo de pesquisa "Novos Direitos em Sociedades Complexas". Experiência profissional na área de Direito, com ênfase em Direto Ambiental, atuando principalmente nos seguintes temas: Direito Ambiental, Constitucional e Ecologia Polí­tica 

Referências

BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. Trad. Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.

BRASIL. Marco Estratégico da FAO 2022-2030. Disponí­vel em: https://www.fao.org/brasil/pt/. Acesso em 10/11/2022.

BRASIL. Lei 11.346, de 15 de setembro de 2006. Cria o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional – SISAN com vistas em assegurar o direito humano í alimentação adequada e dá outras providências. Brasí­lia, DF, 15 set. 2006. Disponí­vel: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11346.htm. Acesso em: 21 mar. 2022.

BRUNDTLAND, Gro Halem. Nosso futuro comum. Relatório da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Rio de Janeiro: FGV, 1988.

CAMPOS, Maria Aparecida; OLIVEIRA, José Carlos de; VENDRAMINI, Ana Lúcia do Amaral. Segurança alimentar: conceito, história e prospectiva. In: MARINS, Bianca Ramos; TANCREDI, Rinaldini C. P.; GEMAL, André Luí­s (org.). Segurança alimentar no contexto da vigilância sanitária: reflexões e práticas. Rio de Janeiro: EPSJV, 2014. p. 37-68.

CAPRA, Fritjof. A teia da vida: uma nova compreensão cientí­fica dos sistemas vivos. Trad. Newton Roberval Eichmberg. São Paulo: Cultrix, 1996.

CONTE, Isaura Isabel; MARTINS, Mariene Denise; DARON, Vanderléia Pulga. Movimento de mulheres camponesas: na luta a constituição de uma atividade feminista, popular e camponesa. In: PALUDO, Conceição (org.). Mulheres resistência e luta em defesa da vida. São Leopoldo: CEBI, 2009.

FAO, IFAD, UNICEF, WFP and WHO. The State of Food Security and Nutrition in the World 2022. Repurposing food and agricultural policies to make healthy diets more affordable. Rome: FAO, 2022. Disponí­vel em: https://www.fao.org/documents/card/en/c/cc0639en. Acesso em: 20 out. 2022.

FAO no Brasil. Mulheres rurais são essenciais para a garantia da segurança alimentar. Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura. 2017. Disponí­vel em: https://www.fao.org/brasil/noticias/detail-events/pt/c/1063661/. Aceso em: 12 nov. 2022.

FARIA, José Henrique de. Por uma teoria crí­tica da sustentabilidade. Disponí­vel em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/ros/article/view/17796. Acesso em: 20 out. 2022.

FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS – FAO. Rome Declaration on World Food Security and World Food Summit Plan of Action. Roma: World Food Summit, 13-17 nov. 1996.

FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS - FAO. The State of Food Insecurity in the World 2001. Rome, 2002. Disponí­vel em: http://www.fao.org/3/y1500e/y1500e00.htm. Acesso em: 10 mar. 2022.

FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS – FAO. Trade Reforms and Food Security. Chapter 2. Food Security: Concepts and Measurement, 2003. Disponí­vel em: http://www.fao.org/docrep/005/y4671e/y4671e06.htm. Acesso em: 30 mar. 2022.

FREITAS, Juarez. Sustentabilidade: Direito ao futuro. 2. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2012.

GIDDENS, Anthony. Mundo em descontrole: o que a globalização está fazendo de nós. Trad. Maria Luiza X. de A. Borges. 3.ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2003.

INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA (IPEA). Retrato das desigualdades de gênero e raça. 4. ed. Brasí­lia: IPEA, 2011.

IZOLANI, Francieli Iung. Direito í segurança alimentar e acesso í informação ambiental: agrointoxicação e impactos do consumo de hortifrutigranjeiros. Orientador: Jerônimo Siqueira Tybusch. 2021. 191f. Dissertação (Mestrado - Centro de Ciências Sociais e Humanas) - Programa de Pós-Graduação em Direito, Universidade Federal de Santa Maria, RS, 2021.

JUNGES, José Roque. (Bio) Ética ambiental. São Leopoldo: Unisinos, 2010.

LEíO, Marí­lia. O direito humano í alimentação adequada e o sistema nacional de segurança alimentar e nutricional. Brasí­lia: ABRANDH, 2013.

LOLI, Dayane Andressa; LIMA, Romilda de Souza; SILOCHI, Rose Mary Helena Quint. Mulheres em contextos rurais e segurança alimentar e nutricional. Agricultoras e Segurança Alimentar e Nutricional, Campinas, v. 27, p. 1-13, 2020. Disponí­vel em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/san/article/view/8656151/21722. Acesso em: 04 out. 2022.

MALUF, Renato Sérgio Jamil; MENEZES, Francisco; MARQUES, Susana Bleil. Caderno Segurança Alimentar. Paris: Fhp, 2000. Disponí­vel em: https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Repositorio/seguranca+alimentar_000gvxlxe0q02wx7ha0g934vgwlj72d2.pdf. Acesso em: 10 out. 2022.

MALUF, Renato Sergio Jamil. Segurança alimentar e nutricional. Petrópolis: Vozes, 2007.

MIES, Maria; SHIVA, Vandana. Ecofeminismo. Trad. Fernando Dias Antunes. Lisboa: Instituto Piaget, 1993.

MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. Trad. Dulce Matos. 4. ed. Lisboa: Piaget, 2003.

ODS 17. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável. Cadernos ODS. IPEA – Instituto de Pesquis Econômica Aplicada. 2020. Disponí­vel em: https://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/livros/livros/200408_Cadernos_ODS_17.pdf. Acesso em: 10 out. 2022.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS DO BRASIL - ONU. Agenda 2030. 2015. Disponí­vel em: https:// nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/. Acesso em: 20 ago. 2022.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA ALIMENTAÇÃO E AGRICULTURA - FAO. Relatório: O Estado Mundial da Agricultura e da Alimentação, 2017. Disponí­vel em: http://www.fao.org/3/a-i7658e.pdf. Acesso em: 28 out. 2022.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA ALIMENTAÇÃO E AGRICULTURA - FAO. Plano Safra da Agricultura Familiar 2017-2020. 2020. Disponí­vel em: https://www.fao.org/family-farming/detail/en/c/1148000/. Acesso em: 28 out. 2022.

PANZUTTI, Nilce da Penha Migueles. Mulher rural: eminência oculta. Campinas: Alí­nea, 2006.

PAULILO, Maria Ignez Silveira. Que feminismo é esse que nasce na horta? Polí­tica & Sociedade, Florianópolis, vol. 15, ed. especial, 2016. Disponí­vel em: https://periodicos.ufsc.br. Acesso em: 30 out. 2022.

PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter. A globalização da natureza e a natureza da globalização. 3. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012.

PROGRAMA NACIONAL MULHERES MIL. Ministério da Educação. s.a. Disponí­vel em: http://portal.mec.gov.br/programa-mulheres-mil. Acesso em: 10 nov. 2022.

RADAR DA PARTICIPAÇÃO #3. Mulheres do campo, das florestas, das águas e das cidades ocupam Brasí­lia: a Marcha das Margaridas 2019. Democracia e Participação. 2019. Disponí­vel em: https://democraciaeparticipacao.com.br/index.php/quem-somos2. Acesso em: 19 nov. 2022.

ROSA, Rovena. O que é insegurança alimentar. Fiocruz, 2011. Disponí­vel em: https://www.fiojovem.fiocruz.br/content/o-que-%C3%A9-inseguran%C3%A7a-alimentar#:~:text=Inseguran%C3%A7a%20alimentar%20leve%20%2D%20quando%20h%C3%A1,falta%20de%20alimento%20na%20mesa. Acesso em: 30 out. 2022.

SACHS, Ignacy. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro: Garamond, 2002.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Os processos da globalização. In: SANTOS, Boaventura de Sousa (org.). A globalização e as ciências sociais. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2002.

SANTOS, Boaventura de Sousa; ARAÚJO, Sara; BAUMGARTEN, Maí­ra. As Epistemologias do Sul num mundo fora do mapa. Sociologias, Porto Alegre, ano 18, n. 43, p. 14-23, set./dez. 2016.

SCHNORRENBERGER, Neusa; ANGELIN, Rosângela. Ecofeminismo e tutela ambiental: uma reflexão acerca da atuação dos Movimentos de Camponesas no Brasil. RJLB, ano 4, n. 6, 2018. Disponí­vel em: https://www.cidp.pt/revistas/rjlb/2018/6/2018_06_2535_2565.pdf. Acesso em: 10 nov. 2022.

SHIVA Vandana. Monoculturas da mente: Perspectivas da biodiversidade e da biotecnologia. Trad. Dinah de Abreu Azevedo. São Paulo: Gaia, 2003.

UNICEF. The State of Food Security and Nutrition in the World. 2022. Disponí­vel em: https://data.unicef.org/resources/sofi-2022/?_ga=2.156797051.1125407441.1667521137-1314383594.1667521137. Acesso em: 09 out. 2022.

UNITED NATIONS DEVELOPMENT PROGRAMME – UNDP. Human Development Report. Oxford and New York: Oxford University Press, 1994. Disponí­vel em: http://hdr.undp.org/sites/default/files/reports/255/hdr_1994_en_complete_nostats.pdf. Acesso em: 10 mar. 2022.

Downloads

Publicado

2023-02-03

Como Citar

IUNG IZOLANI, FRANCIELI; ANGELIN, ROSÂNGELA; CERVI, JACSON ROBERTO. SEGURANÇA ALIMENTAR E MULHERES: UMA ABORDAGEM SOBRE A RELAÇÃO ENTRE POLÍTICAS PÚBLICAS DE IGUALDADE DE GÊNERO NO CAMPO E OS OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. Revista Pensamento Jurídico, São Paulo, Brasil, v. 16, n. 3, 2023. Disponível em: https://ojs.unialfa.com.br/index.php/pensamentojuridico/article/view/680. Acesso em: 23 nov. 2024.

Edição

Seção

Artigos